Cinco guerreiros caminham pela trilha na mata nativa. “Tudo limpo”, avisa alguém. No local escolhido, começam a limpar onde será o “Apy”, Casa de Reza, na língua Tupi. “Aqui é onde nossos filhos crescerão”, afirma Awaratan Wassu, líder indígena em Guarulhos, a 20 Km de São Paulo, capital. “Você viu que lugar lindo?”, pergunta UM xondaro da etnia Caimbé, “ali tem um lago, ali uma nascente. Águas cristalinas”, diz com olhos de quem observa ancestrais. Enquanto os facões cortam a vegetação rasteira, chegam as mulheres com os mantimentos.
Rosa Pankararu é a primeira a entrar no espaço sagrado. “Paz, tranquilidade. Este local é como se eu estivesse na minha aldeia, na minha terra. A mente da gente vai longe, sabia? Acho que cada parente aqui está com a mente longe, tenho certeza que cada um está na sua terra”. Rosa nasceu em Pernambuco, na Aldeia Brejo dos Padres, vive em Guarulhos há 32 anos, onde teve dois filhos. “Nós vamos poder fazer uma casa de farinha aqui?”, grita para todos mirando longe. Respondem com sorrisos, afirmativas e exemplos de como era a casa de farinha em suas aldeias.